segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

NANOTECNOLOGIA E A ÁREA MILITAR

Aduzindo a respeito da utilização da nanotecnologia na área militar, Altmann (MARTINS, 2006, p. 35/41) estabeleceu diretrizes a serem analisadas.

            Inicialmente discorre sobre a diferença entre inovação militar e civil, afirmando que os militares são fortes em alta tecnologia e por meio da alta tecnologia, o que vem ocorrendo é que a passagem da tecnologia militar para a civil esta diminuindo e assumindo o caminho oposto. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos é o segundo maior beneficiário do financiamento do governo para a pesquisa em nanociência (GRUPO ETC, 2004, p. 120).

            Hoje em dia os militares estão mais “dependentes” de tecnologias já desenvolvidas, se aplicado, principalmente na área da computação. Esse efeito decorre do fato dos militares exigirem requisitos extremos em seus desenvolvimentos: aviões que tem que fazer curvas rápidas, que tem que sobreviver contra tiros, ter assento ejetável para o piloto. Nada disso é necessário à aviação civil, daí o alto custo do desenvolvimento tecnológico militar.

             Posteriormente a análise refere-se a uma visão sobre pesquisa e desenvolvimento na área da nanotecnologia, que vem se desenvolvendo principalmente em faculdades americanas e pelo ISN (Institute for Soldier Nanotechnologies), criado pelo exército americano no MIT (Massachusetts Institute of Technology), em 2002.

            Segundo o Grupo ETC (2004, p. 120), o exército americano vem trabalhando com parceiros na indústria de defesa, realizando pesquisas atômicas principalmente para melhorar a proteção e sobrevivência dos soldados em campo de batalha. Visando além da saúde, melhorar o desempenho e a performance dos soldados. Eles seriam nanoequipados, com habilidades, por exemplo, de pular por cima de grandes obstáculos (sapatos equipados com “pacotes” de força embutidos), de lutar com membros artificiais que serão mais fortes do que os músculos humanos, usar uniformes que os tornarão “invisíveis” (Nanocamo: uniformes tipo camaleão, feitos com nanomateriais para deixar os soldados na textura do ambiente). O desenvolvimento de uma armadura denominada “exoesqueleto”, que não é somente a prova de balas, como também se transforma num gesso rígido para tratar fraturas.

            Pode-se citar ainda as “venezianas” em escala molecular, feitas para proteger os olhos dos soldados da cegueira por laser; sensores miniaturizados para detecção de armas químicas, biológicas ou explosivas em campo de batalha.

            No que se refere aos nanosensores (GRUPO ETC, 2005, p. 79), o governo americano tem um projeto denominado “SensorNet”, que tem por objetivo lançar uma rede de sensores através de todos os EUA, que funcionará como um sistema rápido de alertas ante ameaças químicas, biológicas, radiológicas, nucleares e explosivas. A SensoNet integrará sensores nano, micro e convencionais em uma única rede, que dará feedback dos dados a uma rede existente de 30 mil antenas de telefones celulares, formando a estrutura de uma rede nacional de inteligência de vigilância sem precedentes. De acordo com a Oak Ridge National Laboratory a rede já esta em fase de teste de campo, sob a supervisão dos laboratórios de defesa americanos, tais como Los Alamos e Sandia.

            Altmann (MARTINS, 2006, p. 37) afirma que se deve dizer que a eficiência desses mecanismos militares ainda não esta clara, pois talvez sejam frágeis demais, talvez não dêem respostas esperadas, mas pelo menos a pesquisa já esta avançada e em fases de testes em muitas áreas. E continua, aduzindo que existem também problemas com implantes e manipulação de corpos, pois o uso militar pode criar um precedente para que implantes sejam feitos. Dessa forma é necessário que a sociedade venha, a saber, e debater o que permitir ou não permitir, podendo acontecer o mesmo com pequenos satélites ou pequenos lançadores de foguetes por exemplo, tudo isso podendo gerar uma grande desestabilidade global.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

INVISIBILIDADE PÚBLICA

“Não é ninguém, é o padeiro!”. Esta é a frase que norteia a crônica “O Padeiro”, escrita pelo capixaba Rubem Braga em 1956. Considerado um dos cronistas mais completos do Brasil, ele sabia abordar questões essenciais, profundas, em meio às mais simples passagens cotidianas.

“Enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: - Não é ninguém, é o padeiro! (...) Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e, muitas vezes, saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como o pão saído do forno.”

Braga, em sua história, dizia ao padeiro que o seu trabalho era muito importante, tanto ou mais do que o seu, como jornalista. Mas o “ninguém” assumido pelo entregador de pães é uma condição entranhada nas relações sociais em praticamente todas as nações do mundo. Há muitas profissões que, mesmo sendo fundamentais, são relegadas aos últimos planos nas escalas de valores sociais e econômicos.

O tema virou tese acadêmica de um psicólogo social da USP (Universidade de São Paulo). Tendo como mote a teoria da invisibilidade pública, Fernando Braga da Costa trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas do campus universitário onde fez graduação e mestrado.

Ele contou que sua tese nasceu ainda na graduação, a partir da sugestão de um professor, que mais tarde viria a ser seu orientador no mestrado. Ele sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que se engajassem numa tarefa proletária, uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Em outras palavras, as profissões das classes pobres.

Fernando Braga, para concluir sua tese, trabalhou meio período como gari, sem receber o salário de 400 reais como os colegas de vassoura, embora usando o mesmo uniforme e fazendo o mesmo serviço deles. O pesquisador declarou em entrevista ter tido a maior lição de sua vida: “comprovei que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social. Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência.”

Os uniformes (nunca os suportei nem no tempo de escola!) podem enquadrar as pessoas exatamente naquilo que se esperam delas. Mesmo, muitas vezes, sendo de cores berrantes, como o dos garis da USP, certos uniformes deixam invisível o que, de fato, deveria nos tornar humanos.

Ainda em sua tese, o psicólogo disse ter sentido na pele o que é ser tratado como um objeto, um nada. “Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, mas não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste ou em um orelhão”, contou o Braga pesquisador.

Já o Braga cronista não poderia ter dado outro desfecho ao seu texto: “Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; ‘não é ninguém, é o padeiro!’ E assobiava pelas escadas”.

Visibilidades e invisibilidades públicas à parte, resta apenas a pergunta de difícil resposta: em que mesmo um ser humano pode se julgar melhor do que outro?

 

FONTE: Jornal Tribuna Livre, Viçosa-MG, 05/12/2008.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O MEIO AMBIENTE ESQUECIDO NAS CIDADES

De acordo com o levantamento realizado pelo IBGE e divulgado pela sétima edição da Pesquisa de Informações Municipais (Munic), apenas 37% das prefeituras reservam verbas para serem aplicadas em preservação ambiental. Isso significa que apenas 2.079 do total de 5.564 gestões municipais estão com atenção voltada para encontrar soluções para essa questão. Os técnicos do orgão pesquisaram dados da gestão pública e da situação do meio ambiente, do transporte e da moradia em todos os municípios do país durante o ano de 2008.

            Os problemas ambientais, como queimadas, desmatamento e assoreamento de rios, lagos e lagoas, fazem parte do cotidiano de nove de cada dez municípios brasileiros. Esse quadro é agravado pela falat de verbas para viabilizar investimentos para conter a degradação da natureza. Essa carência se expressa no dado de que apenas 18,7% das cidades tem estrutura para tratar do meio ambiente, apresentando, conjuntamente, uma secretaria de meio ambiente ou órgão similar, recursos específicos para a área e conselho do meio ambiente.

            Os problemas registrados no relatório são das mais diversas ordens. Há o desmatamento, com maior incidência no Norte; as queimadas, predominantes no Nordeste; o assoreamento, majoritário no Centro-Oeste. Também foi verificada a poluição do ar, mais intensa no Norte, a contaminação do solo, maior no Nordeste, e a poluição da água, tendo o sudeste à frente nesse item. A agressão ao meio ambiente, rotina em mais de 90% dos municípios que integram a Federação, deixa um rastro negativo sobre a economia primária de 35,7% das cidades. 

            Em muitas pesquisas, os brasileiros já se mostraram como amplamente preocupados acerca da conservação da natureza. Seria de bom alvitre que a totalidade dos gestores municipais incorporasse esse indicativo às suas gestões. Criação de secretarias específicas, coleta de lixo, política de conservação e de preservação no trato da questão ambiental e alocação de verbas seriam bem-vindas, entre outras medidas urgentes e necessárias.

 

FONTE: Correio do Povo (14/12/2008)

sábado, 10 de janeiro de 2009

Lei das Aguás (Lei 9.433/97)

A lei nº 9433/97 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos no Brasil e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos fez 12 anos na última quinta-feira, dia 8 de janeiro.

De acordo com o diretor do Departamento de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, João Bosco Senra, a lei trouxe avanços muito importantes e colocou o Brasil em um papel de destaque em relação a outros países do mundo. "O Brasil nesse período vem se organizando e já temos muitas conquistas como conselhos de recursos hídricos em praticamente todos os estados brasileiros, mais de 160 comitês de bacias, a Agência Nacional de Águas e o Conselho Nacional de Recursos Hídricos", afirmou Senra.

Ele também destacou o Plano Nacional de Recursos Hídricos, que teve seu processo de construção coordenado pela Secretaria de Recursos Hídricos do MMA, em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), com a participação de aproximadamente sete mil pessoas dos mais diversos segmentos da sociedade como: usuários, especialistas, organizações não-governamentais, movimentos sociais, governos estaduais, municipais e federal, além de populações tradicionais e povos indígenas.

Com ele, o Brasil cumpriu o compromisso firmado na Cúpula Mundial de Johanesburgo para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) de definir um plano de gestão integrado para os recursos hídricos.

O objetivo do PNRH é assegurar quantidade e qualidade de água para o uso racional e sustentável. Iniciativas, como o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN-Brasil) e o Projeto Água Doce (PAD), para ampliar a renda e fortalecer o desenvolvimento sustentável nas chamadas Áreas Suscetíveis de Desertificação também contribuiram para o país assumir a posição de destaque.

Segundo Senra, muitos países estão interessados em conhecer o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Brasil. Em 2008, a participação brasileira na Expo Saragossa, na Espanha, atraiu a atenção de diversos países. Agora, o Brasil se prepara para participar do Fórum Mundial das Águas, em Istambul, na Turquia, de 16 a 22 de março.

No encontro de 2006, no México, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório onde o Brasil foi considerado como um dos países que mais avançaram na política de gestão de águas. O relatório apontou que de um total de 108 países analisados, apenas 14 apresentaram progressos nessa área.  O Brasil, o único país sul-americando que recebeu destaque, foi um deles. O Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), teve forte influência nesse resultado.


FONTE: ASCOM